sábado, 28 de fevereiro de 2009

Tempo

O estágio tem nesta altura a duração de 24 meses. A fase inicial só tem 6 meses, e ontem, não pela primeira vez, disseram-me que era curta, que acaba num instante...
Durante essa fase os estagiários têm - para além do Patrono - quem lhes chame a atenção para a alteração/rectificação legislativa da véspera ou do próprio dia e para as consequências dessa alteração/rectificação. Têm alguém disponível todos os dias, pelo menos durante umas horas, para lhes resolver todas as dúvidas e para lhes mostrar motivos para terem ainda outras dúvidas.
Depois, são 18 longos meses, de trabalho e dedicação, entregues a si próprios e ao seu Patrono.
A formação complementar tem aí, durante esse ano e meio, um papel importantíssimo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Ficar quieto

Quando a onda é grande demais escapa-se para o mar alto e espera-se que passe.
A seguir virá uma onda que nos levará em segurança para terra firme.
Na vida, como no mar, temos apenas de esperar pela onda que nos levará em segurança, em vez de termos pressa de apanhar a onda que passa.
Saber ficar quieto e esperar pela onda certa é uma arte.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Gargalhadas

Só quem anda no terreno sabe aquilo que se passa, o que é preciso fazer e como deve ser feito.
Os advogados estagiários erram muito, como é suposto, e têm frequentemente receio de serem objecto de chacota por errarem. Por isso, os seus erros devem ser corrigidos sem hesitação mas também com afecto.
A galhofa faz parte desse afecto.
Aprendi isto com o Dr. José Carlos Mira, cujas sessões, incluindo as de simulação de consulta e de julgamento, eram acompanhadas de sonoras gargalhadas.
De alguém que tem apenas 3 meses de estágio pretende-se que numa simulação de julgamento se lembre dos factos que tem de provar, que saiba como deve perguntar e como se usa a acta.
Nesse acto exige-se dos formadores que corrijam o erro - imediatamente, antes que se consolide - e encaminhem o formando na direcção certa.
Como um adulto segura a mão da criança que aprende a andar, antes de esta ter de se preocupar em andar com elegância...
Eu estou muito orgulhosa dos "meus meninos".
Porque vem a propósito esclareço, relativamente a esta notícia, que a responsabilidade não é do CDL, é minha, porque fui eu quem organizou e presidiu à audiência que aí se refere.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Festa antes de tempo

Depois do post anterior, verifiquei que o acesso de estagiários à área reservada se faz nos exactos termos que já resultavam de deliberação anterior do Conselho Geral da OA.
Fico com pena, mas mantenho a esperança.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Boas notícias

O primeiro julgamento é um acontecimento.
Sentem-se borboletas no estômago e o coração aos saltos.
Era hábito ter esses sentimentos durante a fase de estágio, nas defesas oficiosas, em processos de reduzida complexidade e que se preparam como se se tratasse de um homicídio qualificado.
Depois houve mudanças...
Hoje deparei-me com esta notícia, da qual destaco isto:
"A título excepcional e durante os prazos de apresentação de candidatura ao sistema de acesso ao direito e aos tribunais, os serviços do Departamento Informático do Conselho Geral poderão também assegurar a entrega dos elementos de acesso à Área Reservada (nome de utilizador e palavra passe) aos Advogados Estagiários, a pedido destes, observando-se neste caso, os termos e prazos acima definidos."
Ganhei o dia: haverá em breve, de novo, advogados estagiários a fazerem defesas oficiosas, com ansiedade perante a responsabilidade e com um enorme orgulho em começar a fazer "a sério".
Estagiários a sentirem-se como eu me senti há quase duas décadas quando defendi alguém que era acusado de emitir um cheque sem provisão.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Aprender a perguntar

Um advogado "de barra" faz perguntas por hábito e por necessidade, e suspeito que também as faz por gosto.
Para isso tem de ter as ideias muito bem arrumadinhas.
Este livro ajuda a arrumá-las, e nesta altura em que estou, de novo, a entrar na "fase de julgamento", volto a verificar como é necessário ensinar os mais novos não a fazer perguntas, que isso sabem, mas a prepará-las e ordená-las, tendo em vista a resposta que se pretende obter.
O caminho mais curto para uma resposta nem sempre é uma pergunta directa...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Meu Coordenador

Quem me trouxe para a formação de advogados estagiários foi o Sr. Dr. José Carlos Mira.
Foi através e por causa dele que eu tive a oportunidade de explorar a alegria de ensinar a fazer, que é tão diferente da alegria de ensinar!
Foi ele quem me indicou o caminho, quem me ensinou a ser exigente com afecto.
Graças a ele vejo todos os dias, em directo, como advogados estagiários evoluem e adquirem competências para voarem sozinhos.
Ele não me podia ter dado melhor presente.
E eu desejo apenas ser capaz de honrar a sua memória e os seus ensinamentos.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dar a cana

Sempre foi instintivo dar a cana em vez de dar o peixe.
Ensinar a pescar para garantir a sobrevivência do outro.
Para garantir que, depois de mim, haverá quem saiba fazer; porque nenhum de nós fica para sempre e ninguém é insubstituível.