quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Herr Rüffler: In Erinnerung

Há muito tempo escrevi sobre os meus Professores com Paixão.

Quando hoje abri a caixa de correio electrónico "caiu" uma mensagem que me deixou em lágrimas: faleceu o Herr Rüffler.

Sobre ele escrevi em tempos que «Os professores que marcaram a minha vida não foram aqueles que eram sábios (que os tive). Foram aqueles com dedicação, paciência e empenho tais que a paixão pelo ensino era evidente. São aqueles em quem eu reconheci um Mestre que nada mais queria do que ser suplantado pelos seus aprendizes. E que fazia tudo, mas mesmo tudo, para lhes dar as ferramentas para isso. De todos, destacam-se dois: o Herr Rüffler e o Herr Prien.O Herr Rüffler começou por ser meu professor de História no 10º ano, e foi depois Director de turma, professor de alemão e de filosofia nos 11.º e 12.º anos. (...) Nos 11.º e 12.º anos fez questão de nos passar a tratar a todos por "Sie", fórmula cerimoniosa da língua alemã, como forma de nos chamar a atenção para o facto de sermos adultos e de que de nós se exigia responsabilidade. (...) Uma repreensão do Herr Rüffler fazia-me ter vontade de me enfiar num buraco. (...) O Herr Rüfller ginasticou-me a mente. Percebeu que eu adorava literatura e filosofia, e às vezes parecia que exigia de mim muito mais do que exigia dos outros. Eu adorava e tentava corresponder. Lemos dezenas de livros de autores clássicos alemães e interpretámos centenas de textos, de todo o tipo. Ele dava-me um trabalho "monstruoso" e eu adorava. Ainda hoje guardo o trabalho que fiz sobre "Rómulo, o Grande", de Friedrich Dürrenmatt, porque sei que ele gostou do trabalho. Houve apenas uma coisa que eu não fiz, e que teria desiludido o Herr Rüffler se soubesse. Só o conto agora: não li "Faust" no original até ao fim. Era uma "seca" e eu sabia que me safava no exame final sem o ler.»

"Safei-me" no exame final de alemão, como eu sabia que aconteceria.
Mas mais importante do que aquele exame foi a marca que ele deixou na aluna que eu era então: ele acreditou em mim, apoiou-me, criticou-me, exigiu até à exaustão... Ensinou-me a dar o máximo e motivou-me muito para além daquilo que fui capaz de perceber na altura.
Continuo a ter o trabalho sobre "Rómulo, o Grande" muito bem guardado, junto dos diplomas e das certidões importantes, apenas porque ele o elogiou...