Poucas vezes dei por mim a acreditar na sorte; "a sorte somos nós que a fazemos" é um pensamento que me ocorre com frequência.
Coincidências, então, não existem mesmo: tudo tem uma razão de ser.
Sei também que a composição de um grupo de alunos/formandos numa sala de aula/formação resulta, de um modo geral, da conjugação de critérios, alguns dos quais são aleatórios.
Não é a ordem alfabética dos nomes, a proveniência ou sequer a preferência dos alunos/formandos que constitui o factor determinante para que aquele grupo seja constituído por aquelas pessoas e não outras (no liceu, a idade pode ser um factor extra, para não misturar na mesma sala crianças de 10 anos com outras de 14; mas na Faculdade ou nas sessões de formação de advogados estagiários esse critério não é aplicado).
No meio desta certeza sobre a inexistência de sorte ou azar como determinantes da minha vida, dei por mim confrontada com algo que desafia aquela certeza: o que é que, se não a sorte ou coincidência, leva a que, num determinado curso de estágio, o grupo de formação que tenho na sala seja predominantemente participativo, e que num curso seguinte o grupo que me "calhou" seja completamente passivo?
Não é possível saber, à partida, que as pessoas que compõem um grupo de formação vão, em conjunto, agir activa ou passivamente.
Mas o que é um facto é que, tendo já tido cerca de 14 ou 15 grupos de formação a meu cargo, umas vezes me "sai na rifa" um grupo exigente e participativo, e de outras vezes (menos, felizmente) me calha um grupo a quem, no conjunto, mal consigo arrancar uma pergunta.
Se isto resulta da sorte ou é coincidência, não sei, atenta a minha descrença na "sorte".
Mas que fico muito feliz quando me "calha" um grupo interventivo - como sucede com aquele actualmente a meu cargo - isso é um facto.