Acredito que a vida pessoal é exactamente isso: pessoal, e porque diz respeito à intimidade de cada um não deve ser exposta. A exposição da vida pessoal é um possível dano colateral da exposição da vida profissional, dano que tem de ser gerido com pinças.
Naturalmente que este problema não existe para quem se sente à vontade com a exposição da sua vida privada ou dos seus sentimentos.
Os sentimentos não carecem de exposição, muito menos de exibição, portanto sempre me dei bem a olhar de alto a baixo quem esperava de mim qualquer tipo de exibição.
Por motivos que não vêm agora ao caso já tive mais do que 15 minutos de fama, e detestei; aprendi a necessidade de, em muitas situações, agir como se estivesse a ser observada, porque bastas vezes estava mesmo.
Continuo a ser surpreendida quando pessoas que não conheço me abordam, conhecendo o meu nome profissional completo, e revelando que sabem sobre mim mais do que eu pensaria possível para quem nunca me viu na vida.
Não gosto. É fácil para quem não me conhece fazer juízos errados a meu respeito (eu sou frontal, e muito boa gente não gosta de ser enfrentada olhos nos olhos).
Há aquela anedota do Manuel dos Plásticos, que dizia ser mais conhecido do que o Papa e se descobria que era mesmo. Depois da risota inicial, fiquei com pena do Manuel dos Plásticos, porque deve ser horrível não poder passar anónimo.
Há uma única coisa que me faz aceitar sair da sombra e arriscar ser reconhecida: o bem comum.
Umas eleições para a Ordem, como estas em que me envolvi, expõem-me e resta saber a que custo.
Podem crer que eu nunca me exporia, nunca aceitaria correr o risco de ser julgada por gente que não me conhece, se não acreditasse profundamente que ao concorrer estou a contribuir para o bem da nossa Ordem.
Arrisco a exposição da minha vida de cada vez que apareço, de cada vez que abro a boca e de cada vez que tomo posição. Azar.
Pela Ordem dos Advogados vale a pena.
Espero que a Classe saiba dar à Ordem dos Advogados o valor que ela tem, e que até dia 26 não arrisque a que daqui a 3 anos já não haja Ordem pela qual lutar...
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