domingo, 29 de março de 2009

O alemão primo do outro

Um dia destes, posso esquecer-me de tudo.
De quem fui, de quem sou, como me chamo, e o que fiz ou faço.
Vou lembrar-me de que tenho de ir depressa, porque o tempo não foi feito para se perder, mas poderei não me lembrar para onde queria ir.
Poderei deixar de saber usar um lápis, para que servem os livros e como se conduz um carro, muda uma fralda ou faz um telefonema.
As pessoas saberão quem sou e não perceberei porque olham para mim com cara de caso.
Se eu for assim apanhada pelo "alemão", desejo ser capaz de me lembrar de olhar para nascente mesmo antes da alvorada, de esperar que a onda do mar rebente nos meus pés e de abrir a janela de par em par no primeiro dia de primavera.
E desejo acima de tudo que, mesmo quando pareça que eu esqueci tudo, aqueles que importam se lembrem que as recordações que tenho deles estão apenas fechadas numa caixa da qual perdi a chave.


A vida é bonita é bonita e é bonita. (Gonzaguinha)

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